quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Rixas, Poder, Respeito: Paul Rosenberg sobre o 15º aniversário da Shady Records

Paul Rosenberg Shady Records XV
Foi há 15 anos, na sequência do primeiro álbum de Eminem por uma grande gravadora, The Slim Shady LP, quando Em e seu empresário Paul Rosenberg lançaram a Shady Records em conjunto com a Interscope. Na década e meia desde então, o selo lançou 14 projetos de nomes como D12, Slaughterhouse, Obie Trice, Yelawolf e, mais significativamente, 50 Cent, que assinou um contrato de milhões de dólares com a Shady/Aftermath/Interscope em 2002. Esses 15 anos viram Em e 50 se tornar dois dos rappers mais bem sucedidos na história do gênero, com dezenas de milhões de discos vendidos entre eles, enquanto o selo como um todo (sem contar os lançamentos de Eminem) produziu seis álbuns nº 1, além de outros cinco que estrearam no top 10 das paradas, uma corrida que pôde resistir ao lado de qualquer outro selo no gênero.


No mês passado, na noite do VMA, Eminem twittou para confirmar que a Shady Records estaria celebrando seus 15 anos no jogo com um álbum duplo, chamado Shady XV (lançamento em 24 de novembro) que será composto de uma coleção dos maiores hits em um disco, e uma compilação da gravadora com novo material de Eminem, Bad Meets Evil, D12, Yelawolf e Slaughterhouse no outro. Diante do 15º lançamento da gravadora, a XXL conversou com o co-fundador da Shady Records, Paul Rosenberg, sobre os altos e baixos do selo ao longo dos anos, os sucessos e rixas que vieram com a contratação de 50 Cent, e os planos para o futuro.


Quais eram suas metas quando você começou a Shady Records?

Paul Rosenberg: O Marshall queria lançar o D12 e eu queria começar uma gravadora. E a Interscope, que é uma gravadora que tradicionalmente tem dado muito apoio aos artistas desenvolvendo seu próprio talento, especificamente o talento orientado por produtor, [ofereceu um acordo] e nós entramos nele.

O objetivo para vocês mudou ao longo dos últimos 15 anos?
O objetivo sempre foi lançar música que gostamos; ser capaz de lançar artistas que gostamos e esperamos que outras pessoas vão gostar também, e isso nos deu uma plataforma para sermos capazes de fazer isso. Nunca foi realmente, "Oh, ei, vamos ficar ricos criando uma gravadora"; essa realmente nunca foi a abordagem ou intenção. Sempre foi sobre coisas em que estávamos apaixonados.

Nos primeiros dois anos, como foi "molhar seus pés" como uma gravadora e construir as coisas a partir do zero?

Bem, a primeira coisa que o Marshall queria fazer era dar aos caras com quem ele surgiu um lugar para poder lançar música, e ele estava ansioso em fazer isso desde o começo. Então depois que ele estava estabilizado e teve a capacidade de fazer isso, ele voltou aos caras com quem surgiu, ou seja, os caras do D12, e disse, "Ei, vamos reunir o grupo novamente e lançar na minha gravadora."

Devils Night foi para o 1º lugar da Billboard 200. O que isso causou para vocês no início?
Bem, naquele momento percebemos que podíamos meio que ter a base de fãs do Marshall, com ele como artista como Eminem, junto com o material que estávamos lançando com a gravadora, e fornecer uma grande plataforma para ser capaz de fazer algumas coisas que talvez eram um pouco maiores do que inicialmente tínhamos imaginado.

E então uma das maiores coisas no início que vocês foram capazes de arrancar foi assinar o 50 Cent. Qual foi o impacto disso para vocês?
É. Foi de mudar o jogo. Nós meio que sabíamos o que tínhamos no 50, e quando o trouxemos para o Dre ver se ele queria fazer isso com a gente, o Dre imediatamente entrou nessa também. Todos nós sabíamos que seria grande e seria uma espécie de deslocamento na cultura por causa do que ele estava fazendo, mas não sabíamos o quanto ia ser massivo. Mas eu não vou sentar aqui e te dizer que não sabíamos que o 50 ia ser enorme desde o início. Eu quero dizer, olha, isso foi enorme para nós, isso foi enorme para o 50, foi enorme para a XXL, francamente. Foi massivo por todo lado, e foi uma das coisas mais empolgantes que já fizemos com a gravadora.

E qual é o status do 50 com a gravadora agora? Ele deixou a Shady quando deixou a Interscope, certo?
Sim, então o 50 está na G-Unit Records e ele tem sua própria situação através da Caroline [Records], e ele não está mais na Shady porque nosso contrato é com a Interscope também. Da nossa parte, foi uma saída muito amigável e, francamente, solidária, onde dissemos a ele, 'Olha, se você não sente que este é mais o lugar para você, sentimos que queremos te apoiar em qualquer forma que pudermos [para que você possa] fazer o que quer fazer.' Então nos bastidores estávamos tentando garantir que a transição seria a mais confortável possível para ele. E sabe, o Marshall e o 50 continuam a ter uma ótima relação e isso não vai mudar.

Ao longo dos 15 anos, o que você consideraria alguns dos altos e baixos da Shady Records?
Houve uma época, logo depois de "8 Mile" - nós lançamos aquela trilha sonora na Shady - e então, logo depois, lançamos o álbum do 50 [Get Rich Or Die Tryin'], onde eu senti que realmente poderia ter lançado mais projetos e ter muito mais sucesso. Mas nós nunca fomos sobre a quantidade, sempre fomos mais sobre garantir que as coisas foram planejadas e que a qualidade está onde precisa estar. Então não lançamos tantos projetos assim. E, olhando para trás, eu meio que sinto que deveríamos ter [lançado], apenas em termos da quantidade de agitação que tínhamos por trás da gravadora na época. Mas isso também foi um ponto alto, então eu chamaria de um ponto alto e baixo ao mesmo tempo.



Vocês foram levados para um monte de rixas naquela época também. Foi difícil dirigir a gravadora?
Eu quero dizer, sim, claro. Foi uma época muito caótica de várias formas, e tem muito disso que eu olho para trás e não sinto falta. Mas também era muito empolgante e era parte do pacote. Eu quero dizer, nós sabíamos quando estávamos assinando o 50 que não estávamos assinando um menino do coral, então não foi uma enorme surpresa quando as coisas ficaram um pouco caóticas. Nós só não sabíamos exatamente o quão caótico ia ficar e onde isso estava indo. Teve um monte de merdas que aconteceram que eu realmente não olho para trás com carinho, mas como eu disse, isso acompanhava o jogo naquele momento.

Lançar a Shade 45 também foi muito grande para vocês. Como isso mudou as coisas?
Eu acho que, na época, a Interscope estava interessada em criar um canal, e haviam relações com alguns dos executivos e eles voltaram e disseram para nós, 'Ei, não seria realmente certo para a gente criar uma estação com uma grande gravadora assim, mas que tal fazer alguma coisa com o Eminem? Ele tem uma gravadora, mas eu acho que poderíamos criá-la mais orientada ao artista.' Então a Interscope trouxe [a ideia] para nós e, claro, nós agarramos a oportunidade, porque quem não ia querer ter sua própria estação de rádio? Não tínhamos nenhuma experiência com isso na época, além de apenas crescer com as rádios em geral.

Então, novamente, uma das coisas que queríamos fazer com a estação era poder dar a alguns de nossos amigos que tinham talento uma oportunidade no ar. Então entramos em contato com o Rude Jude, que temos sido amigos de Detroit e achamos que ele seria ótimo no rádio. Falamos com o Lord Sear, que tinha estado em rádio no passado obviamente, com o Stretch & Bobbito, mas que não tinha uma plataforma na época. Demos ao Cipha Sounds seu primeiro programa na manhã, demos à Angela Yee seu primeiro emprego no ar, então quando eles passaram a fazer o que estão fazendo agora, voltamos ao nosso velho amigo Sway e demos a ele a oportunidade de fazer as manhãs de novo com a gente. Nós tínhamos relações com o Sway desde os dias quando o Marshall costumava ir no Wake Up Show em 1997 em L.A. Então essas relações sempre foram muito importantes, e tentamos olhar para as oportunidades que temos e damos as pessoas que são talentosas, que são amigas nossas, uma chance de fazer algo com a gente.

Então é isso que fizemos com a estação de rádio, e apenas programamos o máximo possível para ser [tipo], sim, é a estação de rádio do Eminem, mas eu nunca quis que fosse uma estação só para músicas do Eminem ou músicas da Shady. Eu sei que tem muito mais música aí do que isso que as pessoas querem ouvir. Então dissemos, 'beleza, vai ser assim'; definitivamente vamos tocar mais músicas do Eminem do que outras estações de rádio, sim, vamos tocar mais artistas da Shady Records do que outras estações de rádio, mas também deve tocar as coisas que o Eminem e eu e nossos artistas querem ouvir. Então isso é o que realmente tentamos fazer. Fazendo isso, tornamos [a Shade 45] única no sentido que é um lugar onde tem muitas coisas que tocamos que eu não acho que você consegue ouvir em outras estações de rádio. E apenas se tornou um lugar onde você pode ouvir não só isso, mas onde podemos tentar lançar novos artistas e lançar novas músicas, o que eu acho que conseguimos.

Vocês também tiveram algumas grandes turnês ao longo dos anos. Tem algum momento que realmente se destaca para você de alguma dessas grandes turnês?
Isso não foi uma turnê de arenas, mas essa é uma lembrança que realmente fica na minha cabeça. Estávamos falando sobre como houve um tempo quando as coisas estavam bem quentes, quando estávamos fazendo o Summer Jam com o 50 no Giants Stadium. Eu não lembro que ano foi - '03 ou '04 - e tínhamos o Em se apresentando; eu acho que ele era um convidado surpresa do 50 no Summer Jam. E havia simplesmente um mar nos bastidores - literalmente, um mar - de caras com bonés dos Yankees, camisetas brancas e coletes à prova de bala. E então havia outro mar da equipe da Shady, todos usando camisetas do Obie Trice e bonés de Detroit. E o mar de tipo, literalmente, 200 pessoas se reunindo nos bastidores foi uma vista bastante impressionante.

E então quando se trata das turnês Anger Management, houve muitas lembranças. Um ano tivemos uma roda-gigante no palco e toda a vibe para o show do Marshall era The Eminem Show. Então tinha uma roda-gigante no palco, e tínhamos o Lord Sear chegando com uma cartola e smoking, e eu só lembro dele reclamando do quanto estava calor em cada show, porque, sabe, era o meio do verão e estávamos fazendo um monte de sets ao ar livre. Então isso foi bem engraçado também.

Mas, sabe, também teve umas coisas duras; aquele período quando o Marshall estava lutando contra seus vícios, então alguns desses tempos não foram seus melhores momentos no palco. Olhando para trás nessas coisas não é realmente divertido. Mas desde que o Marshall está sóbrio, ele passou uma quantidade enorme de tempo compensando por isso, não só para si mesmo, mas para sua base de fãs. Então ele está num ponto agora... eu não sei se você viu os shows que ele fez com a Rihanna, mas ele está simplesmente extraordinário neste momento, realmente no seu auge em termos de sua performance ao vivo. É muito emocionante de assistir, é emocionante ver o quão longe ele chegou daqueles dias quando não estava 100% com isso.

Você mencionou a Rihanna; eles sempre tiveram uma grande química nos discos. Como essa relação começou?
Sabe, começou porque o Marshall compôs uma faixa junto com a Skylar Grey que, devido às circunstâncias em que a Rihanna estava vindo com seu passado e seu relacionamento difícil, ele achou que ela seria capaz de realmente entregar e vender a canção. Então isso é realmente de onde veio; ele estava pensando consigo mesmo, 'Quem eu posso ter nessa faixa que realmente vai ser apropriado e você realmente vai ser capaz de ouvir essa dor e autenticidade em sua voz quando está cantando isso?' E ela realmente se encaixou para isso.

E tudo se desenvolveu desde então.
É, realmente se desenvolveu desde então; eles se deram bem, eles simplesmente soam muito bem juntos e obviamente funcionou tão bem que, quando tivemos a oportunidade de fazer mais faixas, inicialmente foi tipo, sabe, não queríamos apenas nos repetir. E aí trouxemos isso para o Dre, e o Marshall disse para o Dre, "Ei, o que você acha de eu colocar a Rihanna para fazer outra faixa comigo?" E o Dre estava só tipo, "Cara, funcionou antes, certo?" O Em disse, "Sim", e o Dre disse, "Então qual é o problema?" Então essa é a atitude com que entramos: sim, fizemos isso antes, mas se não está quebrado, não conserte.


Há alguns anos vocês trouxeram o Slaughterhouse e Yelawolf à bordo e lançaram o movimento Shady 2.0. Isso deu a sensação que revitalizou a gravadora?
Absolutamente sim, e uma das coisas que eu mais me orgulho com isso é que assinamos alguns artistas antes disso e infelizmente não conseguimos lançar seus discos por um motivo ou outro, e não queríamos continuar a ter uma reputação onde você podia ser assinado e seu disco pode nunca sair. Então o objetivo para mim e o Marshall foi, 'estamos assinando esses novos artistas, vamos anunciar esse projeto do Bad Meets Evil: essas coisas vão sair. Vamos fazer tudo o que pudermos para garantir que essas coisas saiam e façam o melhor trabalho possível.' Então eu estava muito orgulhoso que executamos isso e lançamos alguns projetos num curto período de tempo.

Agora com Shady XV, qual foi a ideia por trás de reunir uma compilação para o aniversário?
Então, um dia estávamos sentados falando sobre o que vamos fazer este ano. Nós começamos desenrolando o álbum do Yelawolf, isso vai continuar este ano, e o Slaughterhouse ainda está trabalhando no seu projeto. Então estávamos tipo, 'beleza, queremos lançar alguma coisa este ano porque é o 15º aniversário da gravadora', e em seguida nos ocorreu que esse seria na verdade o 15º projeto que estamos lançando, que simplesmente se alinhou muito bem. Então achamos que seria um bom momento para voltar e fazer uma retrospectiva dos "maiores hits". E eles não vão todos ser só hits como "Lose Yourself" e "In Da Club", essas canções enormes, mas algumas do tipo de favoritas dos fãs e nossas também. E aí também a chance de lançar algumas músicas novas, porque apenas queremos continuar lançando material. Então terá uma compilação de músicas novas dos artistas na gravadora também.

15 anos, Shady Records. Como co-fundador, o que essa gravadora significa para você?
Essa é uma boa pergunta. Eu acho que, quanto a mim e o Marshall, é algo que apenas mimamos e construímos a partir do zero; ela não existia até nós criarmos, e achamos que a transformamos numa marca bem-reconhecida mundialmente que representa algo. Então é uma coisa que temos muito orgulho. Não planejamos parar tão cedo; o Marshall sempre disse que se [ele] decidir que não quer estar na [linha de] frente, então ele definitivamente sempre vai meio que se concentrar em produzir e lançar música. E não faça isso soar como se ele estivesse fazendo isso agora, porque ele não está. Mas é algo que estamos planejando continuar; não há data final para a gente, é uma coisa indefinida até onde sabemos.

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