Essa é a segunda e última parte da entrevista que o Eminem
deu ao livro de Steve Stoute, 'The Tanning Of America'. (Se você ainda não leu
a primeira parte, clique aqui)
Eminem fala sobre o racismo que ele recebeu por ser branco, sobre quando começou a ser aceito no mundo do Hip Hop, sobre o risco de se apresentar com Elthon John no Grammy, entre outras coisas. Confiram:
Eminem fala sobre o racismo que ele recebeu por ser branco, sobre quando começou a ser aceito no mundo do Hip Hop, sobre o risco de se apresentar com Elthon John no Grammy, entre outras coisas. Confiram:
SS (Steve Stoute): Você já sofreu racismo? Pelo motivo de ser branco, e o rap ser algo de negros?
Eminem: Sempre houve um pouco disso. Havia pessoas que diziam para eu não fazer isso, porque sou branco, e essas coisas. Mas eu também tive minha equipe e pessoas que me apoiavam, com o Proof sendo o maior deles. Naquela época, se eu estivesse reprimido, eles estariam lá para me ajudar a seguir em frente.
SS: Quando você sentiu que estava superando isso, que crianças negras e brancas gostavam de você, e quando você percebeu que estava atravessando todos os padrões?
Eminem: Bem, obviamente eu sabia as pessoas iriam fazer piadas e tudo o mais. Eu senti essa ‘Superação’ até mesmo em uma menor escala, antes do Dr. Dre, antes da fama, quando eu ia fazer shows em lugares como o Hip Hop Shop, quando eu fazia Freestyle ou batalhava com alguém. Eu era a única pessoa branca que ganhava aceitação. E apenas por ir lá, e ter aceitação das pessoas, eu pensava “Wow, isso pode ser possível”. Eu estava começando a ganhar respeito das pessoas que na verdade fizeram o Hip Hop.
SS: Essas pessoas eram principalmente negras, e talvez apenas algumas pessoas brancas. Mas quando você começou a trazer públicos diferentes, você percebeu? Me parece que você sentiu que sua experiência – por ser pobre e branco, vindo do nada – era a mesma das crianças de cor que vieram do interior da cidade. Você sabia que estava unindo as crianças por algo em comum, maior que o rap, algo da alma?
Eminem: Bom, eu adoraria dizer que eu tive esse plano desde o começo. Mas eu certamente nunca saberia que iria equivaler a isso. Eu me lembro de ter dito às pessoas a minha volta, mesmo antes de ter assinado com o Dre, cara, que se eu conseguisse ter um CD com status de ouro, e ser respeitado pelos MCs da área, seria um sonho pra mim. E ter dinheiro suficiente para sobreviver. Mas em relação à juntar culturas, eu não posso dizer. Digo, para o meu primeiro álbum, The Slim Shady LP, havia muitas piadas. Nesse álbum, eu me deixei fluir. Naquele álbum, eu zombava demais de mim mesmo, mas aquilo veio batalhando, pensando “O que esse cara vai dizer de mim?”; mas depois dele pensar isso, eu dizia sobre mim mesmo. Eu trouxe isso ao meu primeiro álbum. E havia aquela mentalidade oprimida, eu vindo do fundo do poço e dizendo algo sobre minha perspectiva. No mesmo tempo, certas músicas eram agressivas, o sentimento do meu descontentamento com o mundo. Eu senti que o mundo cuspiu em mim, então eu vou cuspir nele de volta. Havia um pouco de tudo nas músicas daquela época. Mas quando eu pensei que realmente tudo estava vindo junto, foi quando eu comecei a fazer shows e vi pessoas negras, brancas, pessoas de todas as raças em um puto mar de gente. Mas também por volta da época em que eu fiz “White América”, eu pensava “Agora estou na América central fazendo barulho”.
SS: Qual foi o maior
risco que você tomou na carreira?
Eminem: Me apresentando com o Elthon John no Grammy.
SS: O dueto em ‘Stan’?
Eminem: É, provavelmente esse foi o maior risco pra mim. Para aquela época, 2001/2002.
SS: Você estava colocando tudo em risco, tudo o que havia construído.
Eminem: E ele também. Ele estava correndo um risco também. Haviam pessoas que diziam que eu era um rapper homofóbico. E também havia o público dele, seus fãs, e como eles poderiam ter reagido. E alguns dos meus (fãs) disseram “Ei, você vai para o palco com esse cara gay?”. Agora, isso não iria parecer algo louco, mas se você voltar 9 ou 10 anos atrás, era.
SS: Agora que você mencionou isso, Hip Hop não era tudo, inclusive culturalmente. Não tenho certeza se abraçava a homossexualidade. Talvez a cultura do Hip Hop seja mais aberta agora, mas não era há 10 anos atrás. Mas isso talvez porque você tomou o risco de abrir a conversação porque todos pareciam mais relaxados depois do dueto. Eu acho que você vem mudando o modo de pensar da América desde o começo de sua carreira. E eu me pergunto, que conselho você daria aos comerciantes hoje, sobre o que eles deveriam estar falando em relação à cultura e talvez, no que eles deveriam prestar atenção sobre para onde a cultura está indo?
Eminem: Bom, vou começar dizendo que eu não sou realmente grande na política dos negócios para dizer coisas certas para as empresas Americanas. Algumas das influências do Hip Hop nos comerciais são bacanas, especialmente quando você senta e pensa no quão grande o Hip Hop se tornou. Mas alguns conteúdos nos comerciais são cafonas. Eu assisto os canais SportsCenter e NFL bastante, o dia todo. E às vezes irrita ver comerciais que parecem que foram escritos por caras velhos tentando serem legais. Mas também é a hora que você olha para o passado e aprecia o quão grande o Hip Hop se tornou. Algumas das pessoas que comandam o show e fazem os comerciais, provavelmente eles nem mesmo escutam rap, porque não é a escolha deles em relação a gosto musical, mas eles provavelmente ouviram muitos raps incríveis indiretamente, e eles não percebem o quanto isso afeta a eles.
SS: Ou a força da influencia do rap. Mas tentar usar uma linguagem informal, e expressões do rap, não é real.
Eminem: Não é real, não é autêntico. Pegando algo do rap não sabendo nada sobre aquilo. Mas alguns dos marketing atuais são reais e autênticos. Mas eu penso que as escolhas importam mais - Quem você tem para fazer o comercial, sobre o que é o comercial. Você tem que fazer passo a passo.
Eminem: Me apresentando com o Elthon John no Grammy.
SS: O dueto em ‘Stan’?
Eminem: É, provavelmente esse foi o maior risco pra mim. Para aquela época, 2001/2002.
SS: Você estava colocando tudo em risco, tudo o que havia construído.
Eminem: E ele também. Ele estava correndo um risco também. Haviam pessoas que diziam que eu era um rapper homofóbico. E também havia o público dele, seus fãs, e como eles poderiam ter reagido. E alguns dos meus (fãs) disseram “Ei, você vai para o palco com esse cara gay?”. Agora, isso não iria parecer algo louco, mas se você voltar 9 ou 10 anos atrás, era.
SS: Agora que você mencionou isso, Hip Hop não era tudo, inclusive culturalmente. Não tenho certeza se abraçava a homossexualidade. Talvez a cultura do Hip Hop seja mais aberta agora, mas não era há 10 anos atrás. Mas isso talvez porque você tomou o risco de abrir a conversação porque todos pareciam mais relaxados depois do dueto. Eu acho que você vem mudando o modo de pensar da América desde o começo de sua carreira. E eu me pergunto, que conselho você daria aos comerciantes hoje, sobre o que eles deveriam estar falando em relação à cultura e talvez, no que eles deveriam prestar atenção sobre para onde a cultura está indo?
Eminem: Bom, vou começar dizendo que eu não sou realmente grande na política dos negócios para dizer coisas certas para as empresas Americanas. Algumas das influências do Hip Hop nos comerciais são bacanas, especialmente quando você senta e pensa no quão grande o Hip Hop se tornou. Mas alguns conteúdos nos comerciais são cafonas. Eu assisto os canais SportsCenter e NFL bastante, o dia todo. E às vezes irrita ver comerciais que parecem que foram escritos por caras velhos tentando serem legais. Mas também é a hora que você olha para o passado e aprecia o quão grande o Hip Hop se tornou. Algumas das pessoas que comandam o show e fazem os comerciais, provavelmente eles nem mesmo escutam rap, porque não é a escolha deles em relação a gosto musical, mas eles provavelmente ouviram muitos raps incríveis indiretamente, e eles não percebem o quanto isso afeta a eles.
SS: Ou a força da influencia do rap. Mas tentar usar uma linguagem informal, e expressões do rap, não é real.
Eminem: Não é real, não é autêntico. Pegando algo do rap não sabendo nada sobre aquilo. Mas alguns dos marketing atuais são reais e autênticos. Mas eu penso que as escolhas importam mais - Quem você tem para fazer o comercial, sobre o que é o comercial. Você tem que fazer passo a passo.
SS: Há algo mais para
vir do Hip Hop e sua influência?
Eminem: Quando você olha para o passado, e vê o quanto o Hip Hop cresceu, é quase o ponto em que você pensa “É isso aí!”. Mas lembrando quando eu estava assinando com o Dre, e até mesmo na época de ‘Marshall Mathers LP’, quando eu estava sentindo o peso de tudo, eu não imaginava que o Hip Hop se tornaria algo maior. Olhe o quão grande o Jay-Z e outros rappers são. Dez anos atrás, não imaginava que o Hip Hop se tornaria algo maior. Cinco anos atrás, eu não imaginava que isso se tornaria maior. Cinco anos depois, aqui estamos, e o Hip Hop continua crescendo. E vai crescer ainda mais.
Agradecimentos a Sergio M.
Fonte: Shady Brasil
Eminem: Quando você olha para o passado, e vê o quanto o Hip Hop cresceu, é quase o ponto em que você pensa “É isso aí!”. Mas lembrando quando eu estava assinando com o Dre, e até mesmo na época de ‘Marshall Mathers LP’, quando eu estava sentindo o peso de tudo, eu não imaginava que o Hip Hop se tornaria algo maior. Olhe o quão grande o Jay-Z e outros rappers são. Dez anos atrás, não imaginava que o Hip Hop se tornaria algo maior. Cinco anos atrás, eu não imaginava que isso se tornaria maior. Cinco anos depois, aqui estamos, e o Hip Hop continua crescendo. E vai crescer ainda mais.
Agradecimentos a Sergio M.
Fonte: Shady Brasil
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